SINOPSE: Alberto é um homem de hábitos. Ou melhor, era. Bem vestido e com a postura sempre correta, seus dias seguem precisamente uma rotina sem nenhuma alteração. Sempre pontual, sempre igual, sempre solitário. Porém, toda a impecável rotina de Alberto vai por água a baixo no dia em que ele é demitido após anos de serviços prestados rigorosamente. Perturbado pela mudança repentina, sentia que nada pior poderia lhe acontecer até receber uma última visita que provaria o contrário. Aquele dia era para ser seu último, mas devido a um problema com uma clausura contratual, ele não pode morrer, nem continuar vivo. A Morte, reconhecendo o quão complicado é o impasse, tem uma ideia ousada e lhe propõe uma solução que supostamente beneficiaria ambos. Agora Alberto se vê em uma situação que pode mudar toda sua visão sobre a vida e o mundo que o cerca para sempre em sua busca por descanso… Isso se algo maior não se impor no caminho. A Morte é um problema inerente à humanidade e todas as criaturas, e mesmo assim ainda é um mistério. Como todo mistério, abre diversas portas no subconsciente humano, o que faz com que cada indivíduo tenha uma opinião a seu respeito; portanto, é natural que existam pessoas que a idolatrem ou que acreditem que ela seria uma chance de uma nova vida, como também há pessoas que tentam evitá-la a todo custo.
A Morte Veste Roxo, do autor João Marciano Neto, aborda algumas dessas questões, contudo sem perder o bom humor. O autor ousou bastante ao dar uma nova roupagem ao tema. No enredo, A Morte surge em sua forma humana para Alberto, um homem extremamente comum, e faz a ele uma proposta: transformá-lo num morto-vivo. O que a motiva a sugerir “tamanho absurdo” foi explicado maravilhosamente bem pelo autor que, mais uma vez, provou ser de uma sagacidade ímpar: Todos os humanos têm um prazo de validade e, depois de certo tempo, A Morte surge para levá-los. No entanto, mesmo que a validade de um humano esteja vencida, para que o serviço possa ser executado pelo ceifeiro é essencial que a pessoa em questão tenha gasto determinada quantia de energia. Alberto, por ser alguém tão comum, de hábitos, que não tinha emoção alguma na vida além de um trabalho qualquer, acabou não excedendo suas energias necessárias. Um problema para A Morte: ela precisa matá-lo, mas o homem ainda tem créditos a gastar. Deste modo, A Morte não poderia causar mal algum àquela criatura. Como se isso não fosse o suficiente, o homem acaba se tornando um farol para entidades malignas que desejam possuí-lo. Um humano que não pode ser morto, mesmo que A Dama de Roxo se esforce, é um bem mais que precioso para alguns entes espirituais mal-intencionados. A solução encontrada não poderia ser outra, transformá-lo num zumbi, embora não tirasse o atrativo de uma possível imortalidade, desviaria a atenção da maioria dos demônios. A verdadeira aventura aparece após a transformação de Alberto, então começamos a ver personagens mais interessantes. Alberto, apesar de ser o protagonista, não é uma das pessoas mais apaixonantes que você verá na vida. Como mencionado, ele é um homem de hábitos e não tem muita emoção em seu cotidiano; em poucas palavras, tudo o que ele faz é robotizado. Assim que foi transformado, ele acaba conhecendo melhor seu vizinho, Matheus. Matheus foi citado anteriormente em apenas uma linha na obra: eu não fazia a menor ideia que ele seria o personagem mais cativante. “ Tudo que menos queria nesse instante era ter que encarar seu vizinho, um jovem nerd que vivia lhe enchendo com assuntos banais.” Conforme a citação acima evidencia, Matheus era jovem e nerd, logo seus assuntos se resumiam a jogos, séries e quadrinhos. Não que ele fosse uma pessoa limitada, na verdade era um jovem bem articulado; todavia, temas como esses despertavam mais o seu interesse. O que deixou a obra muito – muito mesmo – atraente para mim, que sou apaixonado por esse universo. O autor faz menção a clássicos de cinema e também uma breve passagem pelo Zombie Walk, uma passeata de mortos-vivos que acontece em grande parte do mundo e que eu participo há quatro anos em São Paulo. Quando recebi A Morte Veste Roxo, eu ainda não conhecia o trabalho do João M. Neto, mas confesso que foi uma experiência única ler a sua obra mais recente. Os parágrafos são breves, a linguagem é de fácil compreensão e todas as lacunas vão sendo preenchidas à medida que avançamos na leitura. Em resumo, A Morte Veste Roxo, além de trazer questões muito profundas sobre a vida, morte e religião, se torna um excelente tirocínio para todos, pois o autor, ao passo em que os personagens partem buscando uma solução para todos os seus problemas, estabelece conexões entre a convivência humana e também nos mostra como uma amizade aparentemente impossível pode se tornar nosso único refúgio. COMPRE AGORA Ficha Técnica Título: A Morte Veste Roxo Autor: João Marciano Neto ISBN-13: 9788566725735 ISBN-10: 8566725735 Ano: 2015 / Páginas: 295 Idioma: português Editora: Buriti |
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