SINOPSE: Acervo sombrio de Leonardo Otaciano e Matheuz Silva ocupado por tétricos vilões, criaturas sobrenaturais, elementos sanguinários, jovens possessos e um medonho palhaço, seres presenciados pelo leitor em âmbitos excêntricos e corriqueiros. O medo será um louvável companheiro durante as descobertas nefastas destes recontos. Analisar livros de contos, muitas vezes, é um trabalho – quase – hercúleo, visto que o autor não tem a obrigação de incluir em sua coletânea histórias que dialoguem entre si (a não ser pelo gênero, evidente), o que dá, em muitos casos, a sensação ao leitor de que determinada história está deslocada, perdida entre tantas outras, talvez pela falta de cuidado ao se trabalhar o enredo ou até mesmo pela estrutura ser totalmente diferente da que fora utilizada no restante. O fato é que, mesmo sendo uma tarefa difícil, novos autores têm se superado ao organizar o material antes de imprimi-lo. Se tratando de terror, esse cuidado em, antes de tudo, preparar uma antologia que, do primeiro ao último conto, não sofra qualquer mudança drástica – tanta na narrativa quanto ao clima fantasmagórico empregado - deve ser levado em consideração. Aqui não critico os autores que fazem uso de diversos artifícios superficiais a fim de manter a atenção do leitor, na literatura tudo é válido contando que a obra apresente conteúdo, mas deixo a seguinte observação: já parou para pensar que, embora a intenção do contista é ser breve e deixar determinada mensagem ou final aberto, isso pode, também, ser reparado, essas lacunas podem ser devidamente preenchidas sem que um conto interfira diretamente no andamento do outro? Leonardo Otaciano e Matheuz Silva fizeram exatamente isso em Loui, O Palhaço Medonho & Outros Contos Sombrios. Respeitando a intenção maior em se escrever conto, que é ser breve, ambos os autores desenvolveram onze contos que oscilam entre o terror mais sangrento e o mais sutil, abordando questões sérias com bastante naturalidade, incluindo nas nossas mentes os mais variados pensamentos, fazendo-nos arrepiar por inteiro. E foram além: há aspectos, pequenos fragmentos, em determinados contos que, ao longo do livro, vão formando um magnífico quebra-cabeças. Uma jogada de mestre que pouco vemos por aí, uma pedra preciosa oculta entre tantas obras que, para se manterem sempre ao agrado geral, se fecham a um único estilo de escrita, limitam o próprio vocabulário a frases, situações e sensações clichês que há muito definham. Em Loui, O Palhaço Medonho & Outros Contos Sombrios não há um ápice de terror, pois todos os momentos que rodeiam a leitura trazem à tona um misto de preocupação e euforia. A frase inicial do primeiro conto, Loui, o Palhaço Medonho (que dá nome ao livro) é “esta história é sobre o medo”. Arrisco a dizer que a intenção dos autores ao escreverem a frase acima não foi a de dizer, unicamente, que só esse conto trata sobre o medo, afinal Loui é um dos fragmentos que aparecem em algumas – horripilantes – situações de outras histórias e, com ele, o medo sempre está presente. Talvez não para você, leitor, que não se apavora quando vê um palhaço estampando um sorriso maligno enquanto segura um machado, mas certamente para os personagens, os mesmo que se cagam simplesmente por terem de apagar a luz antes de dormir, o medo estará lá. Atrás do Medonho. O meu comentário a seguir pode parecer tendencioso, já que, além de amigo, sou fã de um dos autores, do Leonardo Otaciano, mas posso assegurar que a coletânea é um prato cheio para os amantes de terror, que sempre leram Robert W. Chambers e Edgar Allan Poe, e é um banquete mais que especial para os jovens que, durante a infância, ouviam os diversos “causos” do interior: a narrativa dos autores lembra bastante a forma com que os “velhos” adoravam entreter a molecada com histórias de terror em volta de uma fogueira quando a lua atingia o seu apogeu. OBS: o livro tem lançamento previsto para agosto de 2016, pela editora Fonzie. Acompanhe as novidades no site e no facebook.
|
|